segunda-feira, 2 de julho de 2012

Solidão (Luiz de Jesus)


Solidão (Salmo de Luiz de Jesus)

Que sentimento é esse, que tanto me angustia?
Vem como uma sombra, cobrindo a minha alegria.
Nada me dá prazer, nada me anima
Enquanto caminha a multidão, eu fico prostrado na esquina

Até o espelho companheiro, também me abandonou
Já não reflete a minha imagem, pois o meu semblante deformou
Uma tempestade de lágrimas, inunda o meu ser
Vejo naufragar meus sonhos, na enchente do sofrer

Ouço o eco do meu choro, mas quem pode me ouvir?
O choro da minh’alma, se tornou música pra mim
Oh, meu Deus! Vem ser meu companheiro, meu amigo
O meu porto seguro, meu castelo forte, meu abrigo

Toma-me em tuas mãos, e me tire desse pranto
Me cobre de alegria, me cubra com o Teu manto
Dá-me a tua paz, dá-me do Teu amor
Amor que é remédio, pra curar a minha dor

Já sinto a Tua presença, espantar a minha solidão
Tu és a doce companhia, que me alegra o coração
Enxugou as minhas lágrimas, resgatou a minha esperança
Vejo retornar meus sonhos, que estavam perdidos na lembrança

“Nos momentos onde nos sentimos tão só,
 é aonde Deus se faz mais presente”

Luiz de Jesus®

domingo, 1 de julho de 2012

O Tempo (Luiz de Jesus)


“O Tempo”

Ah, tempo!
Que me faz sorrir, que me faz chorar
O tempo que me faz sofrer,
É o mesmo tempo que um dia me fez amar
Tempo que me traz, tantas recordações
Me transporta ao passado, me fazendo reviver emoções
Tempo que me traz lembranças, de um mundo novo  que sonhei viver
Tempo que também me ajuda, dos tristes dias de dor esquecer
Tempo que nem sempre é amigo, depende da situação
Se eu estou com pressa ele é inimigo, pois me traz tamanha imperfeição
Tempo que se resume, em alguns momentos importantes
Passado, presente e futuro, segundos, minutos, horas e instantes
Tempo que não para, como já dizia o poeta
Se por um momento ele parasse, atingiria eu então minha meta
Ás vezes corro atrás do tempo, na esperança de poder alcançá-lo
Mas ele me envolve e me cerca, me rendo perante ele e me calo
Ah, tempo! Porque me diz, o que eu não queria ouvir?
O que foi já passou, e não volta mais por aqui
Tempo do qual hoje me resta, um simples pedaço chamado momento
Pedaço que está sempre presente, na lembrança do meu pensamento
Tempo que me ensinou, que devo remir, curtir e vivê-lo ao máximo
Pois após sua rápida passagem, não o mais terei em meus braços
Quero do tempo fazer, o meu melhor aliado
Se no passado o perdi, presente e futuro quero estar ao seu lado


Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ONTEM e o outro AMANHÃ, portanto HOJE é o dia certo para AMAR,ACREDITAR, FAZER e principalmente VIVER, mas sempre lembrando que a felicidade não está em viver, mas em saber viver. Não vive mais o que vive, mas o que melhor vive, porque a vida não mede o tempo, mas o emprego que dele fazemos.

Recomeçar (Luiz de Jesus)


Recomeçar

Amanheceu..., e começou um novo dia,
Sim, ontem choveu, mas hoje é o sol que irradia.
Dias nunca são iguais, cada qual tem a sua história,
Por mais presentes que foram, hoje são passados que ficaram na memória

Dias tem nomes iguais, mas são tão diferentes,
Haja visto as semanas, que atropelam a vida da gente.
Dias bons, dias maus, dias de tristezas, dias de glórias,
Dia é apenas um capítulo, que faz parte da nossa história.

Definir a vida em um dia, seria uma grande bobagem,
Seria como abrir um livro ao acaso, e ignorar toda a mensagem.
Se ontem chorei, hoje eu posso sorrir,
Pois a tristeza de ontem, não passará mais por aqui.

Basta a cada dia o seu mau, é o que nos diz o Livro Sagrado,
Por quê viver um presente, temendo repetir o passado?
Dias, semanas, meses e anos, não voltarão jamais,
Décadas, séculos e milênios, nunca serão iguais.

Fracassamos pelo medo, de repetirmos o que já se foi,
Fazendo do presente um futuro, que chamamos de “depois”.
Vou virar a página da minha vida, e recomeçar sem demora,
Trazendo á lembrança somente a esperança, que é a vírgula da minha história.


“A vida é um projeto feito por nós. A vida de hoje é o  resultado das atitudes e escolhas feitas no passado. E a vida de amanhã, será resultado  das escolhas e atitudes de hoje. Há de se construir sabiamente."

sábado, 30 de junho de 2012

Confissão (Luiz de Jesus)


Confissão

 
Quero contar um segredo
Guardado no meu coração
Está escondido por medo
Mas como esconder, uma grande paixão?
 
Serei julgado, condenado, absolvido talvez...
Por amar quem “não” se podia amar
Seria minha maior insensatez
Este segredo ao mundo revelar?
 
Meus olhos me delatam
Meu coração me entrega
Os desejos contidos desatam
Os sentimentos que o meu peito carrega
 
Quero abrir a minha boca e soltar a minha voz
Declarar em alto e bom som
Dizer ao mundo algoz
Que você é o meu tudo de bom
 
Deixa que digam, que pensem, que falem
Deixe eles pra lá, vem pra cá,  o que é que tem?
Eu estou apaixonado e você também
 
Sim... Estou amando e daí?
Quem nunca amou, me desculpe
Quem pode o amor reprimir?
Então por favor não me culpe
 
Quem nunca sonhou encontrar,
Aquela pessoa especial que te completa?
Meu sonho me fez despertar
Para uma realidade real e concreta
 
Vivo um amor... Amor sem limites
Amor de novela... Amor de filme
Infelizmente há quem não acredite
Nesse sentimento mágico e sublime
 
Ah! Se forem me condenar ,só  peço que absolvam o meu amor
Que culpa tem ela em ser amada, e ser a minha amada?
Peço aos algozes, tenham clemência por favor
Olhem no espelho, antes de me darem a primeira pedrada
 
 
“Sentimento não se inventa... Ou tem ou não tem...  Quando o sentimento provém do coração, por mais preso que você esteja á ele,  ele jamais será escravo da sua razão”.
Luiz de Jesus

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A Doença (Poema de Luiz de Jesus)


A Doença

Ela vem e me degenera
Ela é hereditária
Dizem que ela não tem cura
É passada de pais para filhos
Ela me cansa
Ela me enfraquece
Dói muito
Ela faz meu coração disparar
Ela rouba a minha qualidade de vida
Quem mais sofre com ela é a população negra
Ela como uma foice,
Me corta a esperança
Ela decepa os meus sonhos
Ela me estressa
Ela me mata aos poucos
Sem pressa
Ela se chama… DISCRIMINAÇÃO RACIAL

As informações sobre a anemia falciforme e suas conseqüências, são praticamente inexistentes. Pelo menos por parte dos órgãos de saúde do governo. A discussão da saúde da população afrodescendente é recente na sociedade brasileira, a única doença que nos atinge, com um fundo basicamente biológico, é a anemia falciforme, as outras, como hipertensão, diabetes do tipo 2 e o G6P, que é uma deficiência sanguínea, prevalecente na população negra, são doenças que tem seu desenvolvimento associado diretamente às condições de vida.

Somos a maioria do povo brasileiro e não temos informações precisas de como é a saúde dessa população, do que ela adoece e de como morre. E isto realmente acontece de forma diferente. Há um outro percurso, uma outra evolução. Por isso, a importância do quesito cor. O problema é que isso sempre foi considerado como uma postura racista, de privilégios. Por isso a luta é árdua e temos que combater a doença da discriminação e do descaso.

Na área da saúde há recém formados que estão saindo sem saber nada sobre anemia falciforme. No meio acadêmico, não existem pessoas que saibam falar, com propriedade, sobre anemia falciforme, do ponto de vista clínico e de todas suas implicações sociais e políticas.Mas acredito que pior do que a anemia falciforme está a discriminação e o preconceito racial, essas duas doenças sociais deixam a população negra doente, principalmente pelos males psíquicos, baixa auto-estima, sentimento de inferioridade, que sofre por pertencer a essa raça, pelas cobranças que enfrenta se quiser vencer, ou então pela marginalização e desqualificação impostas pela sociedade.

A cura está em nossas mãos.

domingo, 25 de setembro de 2011

Será o Benedito? (Poema de Luiz de Jesus)


Será o Benedito?

( Poema de Luiz de Jesus) 



Manhã de Domingo, dia ensolarado
Primavera, mês de Setembro
Meu destino é Tietê, vejo um povo animado
Cuja história eu me lembro
História sofrida, gente banida
Escravizada, excluída
Nos seus rostos, eu não vejo expressão
De dor ou sofrimento
O brilho da nossa cor, ofuscou todo lamento
O choro da senzala, se transformou em canto
Sepultamos o passado, enterramos o pranto
Tietê... cidade pequena
Mas grande é a nossa força
Grande é o nosso tema
É negro vem de cá, negro que vem de lá
Negro que vem de Sampa, Carioca vem somar
Cem por cento negro, a cidade é tomada
O negro é lindo , galera animada
Em cada canto, tem alguém cantando
Na palma da mão, na ponta do pé alguém sambando
Vou descendo a ladeira, em sentindo á praça
Em cada canto, em cada esquina, só vejo a minha raça
Preto tipo A, Preto sangue bom
Preta de trança, preta de Kanycalon
Negro rastafari, negro careca
Roda de samba, cerveja na caneca
O estilo é variado, desde o black soul
Vejo o samba rock, pagode do bom
A negrada é da paz, a negrada é do bem
Beijos, abraços, apertos de mão também
Continuo caminhando, o sol tá rachando
Encontro vários manos, que não via há milianos
Quanta gente bonita, quanta gente animada
Vejo a força do negro, vejo o brilho da negrada
Entro na igreja e faço a minha devoção
Agradeço á Deus, de todo o coração
Por Ter me dado a liberdade, por Ter me dado essa cor
Cor que vence o preconceito, pela força do amor
- Eu sou um negro! Me orgulho em dizer
A cor da minha pele, enobrece o meu viver
Saio da igreja, uma chama me aquece
Pai, abençoa meus irmãos! Essa é a minha prece
Negros humildes, oriundos da periferia
Fazem da miséria, arte e poesia
Favela, cela... Já era.... Cancela
Somos obras primas, pintados numa tela
A saga continua, e o som não para
É pandeiro, tantan, muita preta rara
Olhos coloridos, desenhos na cabeça
Para ser iguais a nós, cresça e apareça
Olhares se cruzam, pintou um esquema
Todos de boa, esse é o lema
Vejo a mamãe e o papai, o vovô e o netinho
Vejo uma geração, deixando marcas no caminho
A noite vem chegando, tenho que ir embora
O busão tá me esperando, já são sete horas
Galera cansada, mas muito feliz
- Nunca vi tanto preto! Meu amigo me diz
Sentando na poltrona, pergunto a mim mesmo:
Será que esse povo, veio aqui a esmo?
Será o Benedito, a razão desta festa?
Que a mídia não mostra, mas que tem negro a beça
Será que o Benedito, somos eu e você?
Mostrando que quando se une, faz milagre acontecer?
Será o Benedito, a nossa autoestima?
Que reúne tantos negros, que o sistema domina?
Será que terei que esperar, o próximo ano?
Para voltar á Tietê e rever os meus manos?
Penso que há uma força, dentro de cada um de nós
Mas pra ser reconhecida, é preciso soltar nossa voz
Não somente em Tietê, mas em todo o Brasil
Pois em todo o mundo, o negro tem o seu brio
Vamos nos unir pra fazer a festa, é bacana é legal
Mas a união de valores, essa é primordial
Nos unir pra educação, e crescer como pessoas
Se não lutar como Zumbi não dá, pra ficar de boa
Esse é o meu ponto de vista, e nele eu acredito
Para não mais lamentar: - "Ai, meu São Benedito?"

"Dedico esse poema à todos os (as) meus amigos (as) e irmãos (ãs) de cor. Negros na raça e na essência, que lutam e trabalham para um Brasil melhor. Livre de todo e qualquer preconceito e toda indiferença social." Abraços

Na verdade os versos que escrevo, nada mais são do que meus próprios sonhos, que acabam se tornando realidade; sendo assim, posso realizar o que quiser, fazendo simplesmente meus próprios versos.